domingo, 17 de janeiro de 2010

Triste e lamentável!!!



O governo federal anunciou, com festa, no ano passado, que estava repatriando o último exilado político brasileiro. Antonio Geraldo da Costa, o Neguinho, vivia com nome falso na Suíça e retornou ao País sob os holofotes em agosto, trazido pelo ministro Tarso Genro. Sua volta, dizia o governo, fechava um ciclo e fazia justiça a uma série de desrespeitos aos direitos humanos cometidos durante o governo militar contra cidadãos que, de alguma forma, manifestavam descontentamento com o regime. Mas pelo menos um outro brasileiro que teve que sair do País durante os anos de chumbo ainda vive no exílio. Edilton Swarowski era marinheiro, trabalhava com Neguinho e teve que fugir para o México em 1964 depois de ser preso e indiciado por “prática de motim e atos de subversão” na Associação dos Marinheiros e Fuzileiros, no Rio de Janeiro. Lá, longe de casa e da família, ele vive como exilado político até hoje, mesmo tendo sido beneficiado pela anistia.

Na cadeia, segundo a família, Swarowski foi torturado junto com outros marinheiros logo após ser detido, em 64. Libertado, decidiu deixar o País com medo de novas agressões e de perseguição, atos muito comuns nos tempos do governo militar.

Anistiado em 1988, o catarinense tem hoje 69 anos e preferiu, na época, seguir no México por medo de voltar a ser perseguido no Brasil. Hoje, vive em Querétaro, a cerca de 200 quilômetros de distância da Cidade do México. Casou-se no país e obteve cidadania mexicana. Teve quatro filhos, se separou, chegou a casar novamente, mas a última mulher morreu. Depois da separação, perdeu contato com os filhos.

Hoje, o ex-marinheiro sofre com a doença de Parkinson e vive sozinho, depende de ajuda de vizinhos, amigos e de uma pequena pensão que recebe do governo mexicano.

A família no Brasil mora na cidade de Caçador, em Santa Catarina, e diz não ter condições de bancar a volta de Swarowski. Mais: a mãe dele, com 92 anos, está muito doente e faz um pedido. Quer ver o filho antes de morrer.

Dona Ignez Swarowski, a mãe, chora ao lembrar do dia em que o filho precisou deixar o País. Ela ainda nutre o desejo de se encontrar com ele. A única maneira de contato que teve nos últimos 46 anos foi por telefone, em rápidas conversas. “Me ajudem a trazer o meu filho de volta. Estou cansada, quase não escuto mais. O meu maior desejo é poder abraçá-lo novamente”, disse.

A irmã de Edilton, Elaine Swarowski Tristão, de 63 anos, era criança na época em que ele ingressou na Marinha, em Santa Catarina. Ele tinha 17 anos. Passou praticamente dez anos viajando pelo mundo. Depois, seguiu para o Rio de Janeiro e as notícias passaram a vir a conta-gotas por conta do momento político que o País vivia.

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